Crescer e viver cultivando hábitos saudáveis, praticando exercícios físicos, num perfeito equilíbrio entre nossa mente e nosso corpo, é um dos segredos da longevidade. Também é a melhor receita para um sereno envelhecimento, facilitando a convivência entre os idosos, suas famílias e cuidadores. Os latinos já pregavam que uma mente sã em um corpo são (mens sana in corpore sano) é fonte de bem-estar e felicidade ao longo de todas as fases de nossas vidas.
Em nossa correria diária, divididos entre o trabalho, os estudos e uma lista sem fim de compromissos, em busca do sucesso profissional e do bem-estar de nossos filhos, muitas vezes nos esquecemos de nós mesmos e do quanto é importante cuidar do nosso eu interior e do nosso corpo, através de exercícios, alimentação controlada e da prática da concentração e meditação. Na corrida desenfreada por bens materiais, não podemos colocar em segundo plano nossa saúde física e mental. Sentir-nos felizes com o que temos
Temos que ter a consciência de que, quanto mais nos esforçarmos hoje para sermos amanhã idosos sadios, menos trabalho daremos para nossos familiares e cuidadores, além de podermos transformar nossa velhice em um tempo de profundas alegrias, na convivência com os netos e amigos. Em seu livro Convite à Felicidade, o mestre japonês Ryuho Okawa diz que
“sentir-nos felizes com o que temos é o segredo da felicidade máxima. Estarmos satisfeitos é amar nossa vida, abraçá-la por aquilo que é e aceitar que todos temos vidas únicas, só nossas. Fomos abençoados com muitas coisas que merecem nossa gratidão, o que inclui cada dia de nossa vida”, mesmo quando formos acometidos por doenças graves.
Tenhamos a certeza de que muitas doenças comuns, quedas e sofrimentos serão evitados amanhã se aprendermos a cuidar de nosso corpo na infância, na juventude e na idade adulta. Combater o sedentarismo e adotar uma dieta rica em frutas e legumes, evitando o excesso de sal e açúcar pode não parecer, mas é uma iniciativa responsável de quem está comprometido com a família.
Outro tema muito pouco explorado pelo mundo acadêmico é o relacionamento entre as famílias e seus idosos – pais, avós, tios. Uma família que tem sua rotina de compromissos quebrada pela necessidade de cuidar de um idoso precisa de muita orientação e serenidade para cumprir sua missão sem traumas, sem afetar o relacionamento entre marido e mulher, entre pais e filhos.
Tanto precisam ser compreendidos os cuidadores como os idosos que estão sendo acolhidos – que, em geral, tendem a se considerar um “estorvo”, com frases como “estou sempre atrapalhando vocês”. É preciso que a família saiba cultivar um ambiente de alegria, de sorrisos e de bom humor. “Seja qual for o problema que tenhamos de enfrentar, seremos capazes de superá-lo se o aceitarmos com humildade, aprendendo com ele e compreendendo seu significado”, diz Okawa ainda em Convite à Felicidade. Essa obra estimula a meditação e aponta gestos de amor e carinho como caminho para a felicidade. “O que faz nossa alma se expandir e brilhar são os desafios que superamos”, afirma o mestre japonês.
Mais traumática é a situação das famílias que, muitas vezes, não têm condições financeiras de cuidar de seus idosos – com remédios e tratamentos caros -, o que nos remete ao outro lado do problema. É por isso que, em geral, em artigos e reportagens na mídia, aparecem poucas alusões ao lado humano dessa realidade e mais preocupação com o impacto econômico que o envelhecimento da população tem sobre as contas da Previdência Social e os orçamentos públicos.
Tudo isso deve criar em nossas famílias, desde cedo, uma conscientização maior sobre a importância de estarmos preparados para a velhice – seja com muito amor no coração, seja, se possível, com uma casa sem degraus e banheiros adaptados. Quanto mais saudáveis e financeiramente independentes formos, seremos uma preocupação a menos para nossos filhos amanhã. A velhice deve ser, e é, um tempo de serena felicidade.
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